Welson
Gasparini
O aposentado e pensionista brasileiro do INSS já
se acostumou a, no início do mês de setembro, receber 50% de antecipação sobre
o seu 13º; muitos deles até se programam em função desse dinheirinho curto,
mas, invariavelmente, certo. E eis que a presidenta Dilma abre novamente o seu
“saco de maldades” e após, num primeiro momento, ameaçar vetá-lo, num segundo
decidiu parcela-lo em duas vezes e, por fim, resolveu pagá-lo de uma só vez na
folha de pagamento de setembro a ser liberada no princípio de outubro; uma
verdadeira novela...
Mesmo não sendo obrigatório, esse pagamento era
feito a partir de 2006 após acordo firmado entre o presidente Lula e representantes
de aposentados e pensionistas; esses mesmos aposentados e pensionistas que têm
o seu poder de compra diminuído, ano após ano, devido correções inferiores às
aplicadas no salário mínimo. Como pimenta no olho do aposentado é refresco, os
mais de R$ 15.000 de antecipação do 13º salário dela – com toda essa crise por
ela tão alardeada – a presidenta Dilma, bem como o ministro Levy, receberam em
julho de uma vez só. Por que eles podem e o aposentado que já programou
despesas contando com essa antecipação não pode recebe-lo na data anteriormente
convencionada?
As perdas de aposentados e pensionistas com
benefícios acima de um salário mínimo estão se acumulando ao longo de mais de
15 anos: o aumento de 6,23%, vigente desde primeiro de janeiro, ficou novamente
abaixo do concedido ao mínimo, que foi de 8,8%. O índice aplicado às
aposentadorias, correspondente à variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) do ano passado, não repôs sequer a inflação oficial de 2014,
medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e que chegou a
6,41%. Esse achatamento teve início no começo dos anos 90, durante o governo de
Fernando Collor de Mello, quando o reajuste das aposentadorias e pensões foi
desvinculado do mínimo. Com isso, vem crescendo anualmente o número de
aposentados passando a ganhar apenas o piso salarial. Em 2015, esse contingente
deve aumentar em 600 mil pessoas.
Se nada for feito para frear a defasagem – eis
outro dado inquietador - todos os
aposentados vão estar ganhando apenas um salário mínimo dentro de,
aproximadamente, 15 anos. Trata-se, efetivamente, de um verdadeiro conto do
vigário praticado contra milhões de brasileiros que não pedem favor, mas apenas
seus direitos, na medida em que contribuíram ao INSS para ganhar um pouco mais
na velhice.
Quem se aposentou pagando ao longo de uma longa
vida de trabalho contribuições sobre até 20 salários mínimos receberá, no
máximo, R$ 4.663,75 e não, como seria lógico, R$ 15.760,00; quem contribuiu
sobre 10 salários teria direito lógico a R$ 7.880,00 precisará se conformar com
esse teto de R$ 4.663,75, defasado a cada ano. Uma matemática, sem duvida,
perversa.
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