Welson
Gasparini
Quem presta qualquer tipo de serviço almeja, é
claro, remuneração adequada; quando esse serviço inclui material de qualquer
ordem o que se pretende é, no mínimo, o ressarcimento do custo desse material
utilizado. Isto, lamentavelmente, não acontece com a tabela SUS utilizada pelo
governo federal para pagar serviços médicos e hospitalares. Essa tabela se
transformou no grande tormento e no principal motivador das crises enfrentadas
pelas Santas Casas e pelos hospitais beneficentes. Tenho dados demonstrando uma
defasagem de até 434% nos pagamentos do governo federal aos hospitais por essa
tabela. Poderia citar vários procedimentos médicos e hospitalares que a tabela
SUS se dispõe e é obrigada a pagar aos hospitais beneficentes e filantrópicos,
mas, infelizmente, o déficit decorrente da defasagem chega, em alguns casos, a
13 mil por cento.
Como é possível atender os pacientes do SUS se a
tabela oficial não remunera no mínimo – sequer cobrindo o custo - aquele serviço? Então é preciso - e com urgência - corrigir a tabela SUS. Caso
contrário, vamos continuar assistindo ao que está acontecendo, por exemplo, na
Santa Casa de São Paulo, onde a solução aventada é a de não atender aos pedidos
do SUS. Se os hospitais não atenderem pelo SUS, quem irá atender? Até quando
vamos ver doentes morrendo por falta de atendimento médico ou hospitalar porque
a tabela SUS é insuficiente para atender até mesmo ao custo do serviço
prestado? Como pode uma Santa Casa ou hospital beneficente como empresa
legalmente constituída, pagando empregados e encargos sociais, sobreviver com
receita inferior à despesa?
Em decorrência dessa insensatez mais de 50
hospitais já foram fechados no estado de São Paulo, todos eles beneficentes ou
Santas Casas. Em São Paulo e em todo o Brasil os maiores hospitais beneficentes
e santas casas do estado estão cortando os atendimentos médicos e desativando
leitos. Na região de Ribeirão Preto, que é a minha cidade, várias Santas Casas
ou fecharam ou cortaram o número de atendimentos. O que acontece? Acontece o caos e o atendimento hospitalar
vive uma crise sem precedentes: muitos hospitais devem hoje milhões de reais e
não têm recursos para pagar seus revendedores e fornecedores, inclusive de
remédios.
Reitero o apelo que já fiz aos nossos
governantes na área federal, estaduais e municipais: mesmo diante da paradeira atualmente
enfrentada pelo país levando a união, os estados e os municípios a terem quedas
significativas nas suas arrecadações preservem dos cortes, dos agora
inevitáveis “contingenciamentos”, a área da saúde. Saúde é vida e a vida só tem
sentido quando dispomos das condições físicas e mentais que nos permitam
desfrutá-la enfrentá-la.
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