Em discurso que proferi na ALESP, voltei a focalizar a crise
educacional vivida pelo Brasil e propus ao governador Geraldo Alckmin a criação
de uma comissão para, emergencialmente, avaliar e propor medidas, visando
reverter um quadro danoso à própria imagem do país.
O SENHOR WELSON GASPARINI - PSDB
Me inscrevi no Pequeno
Expediente para trazer duas mensagens: uma, direta, ao Governador Geraldo
Alckmin; outra, à Comissão de Educação e
Cultura desta Casa.
Estou horrorizado com notícias
divulgadas nos jornais dos últimos dias.
Em 2009, no Estado de
São Paulo, houve uma prova de seleção para contratação de professores para o
Ensino Básico com a participação de 181 mil candidatos; desses, oitenta e oito
mil não alcançaram a nota mínima para lecionar. Vou repetir: 88 mil professores
dos 181 mil inscritos no concurso realizado pelo Estado de São Paulo não
alcançaram a nota mínima para poderem lecionar.
Em 2008, professores
temporários foram submetidos a um teste: oito mil deles não acertaram nenhuma
das 25 questões do concurso. Isso é gravíssimo. Oito mil professores
temporários não acertaram nenhuma das 25 questões apresentadas...
Na Prova Brasil, entre
os municípios da Grande São Paulo, constatou-se: cerca de 28% dos alunos do 5º
ano, comprovadamente, não sabem ler nem escrever direito.
Como pode 28% dos
alunos do 5º ano não saberem ler nem escrever corretamente?
A Unesco - e tem hora
que a gente gostaria de falar com orgulho do Brasil, atualmente uma das maiores
potências do mundo - classifica o nosso país em 88º lugar em Educação. Em
outras palavras: oitenta e sete outros países estão na frente do Brasil nessa
área fundamental!!!
A "Folha de S. Paulo",
do último dia 5, traz um artigo de Hélio Schwartsman no qual ele informa: a
secretaria da Educação do Estado de São Paulo está convocando para atuar como
professor temporário docentes que não conseguiram acertar nem a metade das
questões do último processo seletivo realizado da Pasta.
Logicamente as crianças
não podem ficar sem professores mas, chamar para lecionar, professores que não
conseguiram acertar nem a metade das questões do último processo seletivo, não
tem sentido! Para onde vamos levar os nossos estudantes? E o mais grave: dos
130 mil temporários que se submeteram ao último exame de seleção realizado no fim
do ano passado, 28% - 39 mil professores - tiveram um desempenho ruim,
acertando menos de 50% das questões... E o exame não visava selecionar grandes
inteligências mas, pura e simplesmente, estabelecer um critério de seleção.
É triste termos esses
dados em mãos relacionados com professores do ensino fundamental.
Já num concurso da
Ordem dos Advogados do Brasil, 20.237 candidatos, bacharéis em direito, com
diploma na mão, foram reprovados. Foi dito pela OAB: 92,8% dos inscritos,
depois de diplomados, não podem exercer a profissão porque não estão
preparados. Na época, o então presidente da OAB-SP, Flávio Borges D’Urso,
afirmou: “bacharéis em direito chegam à prova e não sabem sequer conjugar
verbos ou colocar as palavras no final.”
O Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo agora está fazendo a prova de avaliação dos
formados em Medicina. Pois bem: metade deles, segundo declarações formais da
entidade, não poderia exercer a profissão de médico por falta de preparo.
Com base nessas informações, Sr. Presidente, na primeira
reunião da Comissão de Educação e Cultura aqui da Assembleia Legislativa eu vou
pedir para pararmos com todos os assuntos e nos concentrarmos na questão do
ensino oferecido pelas instituições oficiais e particulares do Estado de São
Paulo. Em uma das últimas reuniões, estávamos convidando ou convocando o reitor
da USP para vir explicar nesta Casa por que escolheu o segundo ou o terceiro
colocado como reitor ou como diretor de faculdade. Depois, informações sobre o
porquê de alguns alunos terem sido punidos; são assuntos relevantes mas não
prioritários diante da realidade que acabo de expor.
Fica aqui um pedido ao
Governador de São Paulo: faça uma comissão de emergência, com pessoas
entendidas em educação, para analisarem esses dados acachapantes e que tanto
denigrem a nossa imagem. Por que o ensino está assim? Vamos analisar tudo isso
e, eu tenho a certeza, propostas irão surgir para criar em nosso País uma nova
situação na área educacional. Não é possível, Sr. Presidente, a gente ficar em
silêncio, diante desses dados catastróficos e não tentar fazer nada para mudar essa
situação.”