quarta-feira, 20 de março de 2013

Comissão de emergência para avaliar a crise educacional


Em discurso que proferi na ALESP, voltei a focalizar a crise educacional vivida pelo Brasil e propus ao governador Geraldo Alckmin a criação de uma comissão para, emergencialmente, avaliar e propor medidas, visando reverter um quadro danoso à própria imagem do país.

O SENHOR WELSON GASPARINI - PSDB

Me inscrevi no Pequeno Expediente para trazer duas mensagens: uma, direta, ao Governador Geraldo Alckmin;  outra, à Comissão de Educação e Cultura desta Casa.

Estou horrorizado com notícias divulgadas nos jornais dos últimos dias.

Em 2009, no Estado de São Paulo, houve uma prova de seleção para contratação de professores para o Ensino Básico com a participação de 181 mil candidatos; desses, oitenta e oito mil não alcançaram a nota mínima para lecionar. Vou repetir: 88 mil professores dos 181 mil inscritos no concurso realizado pelo Estado de São Paulo não alcançaram a nota mínima para poderem lecionar.

Em 2008, professores temporários foram submetidos a um teste: oito mil deles não acertaram nenhuma das 25 questões do concurso. Isso é gravíssimo. Oito mil professores temporários não acertaram nenhuma das 25 questões apresentadas...

Na Prova Brasil, entre os municípios da Grande São Paulo, constatou-se: cerca de 28% dos alunos do 5º ano, comprovadamente, não sabem ler nem escrever direito.

Como pode 28% dos alunos do 5º ano não saberem ler nem escrever corretamente?

A Unesco - e tem hora que a gente gostaria de falar com orgulho do Brasil, atualmente uma das maiores potências do mundo - classifica o nosso país em 88º lugar em Educação. Em outras palavras: oitenta e sete outros países estão na frente do Brasil nessa área fundamental!!!

A "Folha de S. Paulo", do último dia 5, traz um artigo de Hélio Schwartsman no qual ele informa: a secretaria da Educação do Estado de São Paulo está convocando para atuar como professor temporário docentes que não conseguiram acertar nem a metade das questões do último processo seletivo realizado da Pasta.

Logicamente as crianças não podem ficar sem professores mas, chamar para lecionar, professores que não conseguiram acertar nem a metade das questões do último processo seletivo, não tem sentido! Para onde vamos levar os nossos estudantes? E o mais grave: dos 130 mil temporários que se submeteram ao último exame de seleção realizado no fim do ano passado, 28% - 39 mil professores - tiveram um desempenho ruim, acertando menos de 50% das questões... E o exame não visava selecionar grandes inteligências mas, pura e simplesmente, estabelecer um critério de seleção.

É triste termos esses dados em mãos relacionados com professores do ensino fundamental.

Já num concurso da Ordem dos Advogados do Brasil, 20.237 candidatos, bacharéis em direito, com diploma na mão, foram reprovados. Foi dito pela OAB: 92,8% dos inscritos, depois de diplomados, não podem exercer a profissão porque não estão preparados. Na época, o então presidente da OAB-SP, Flávio Borges D’Urso, afirmou: “bacharéis em direito chegam à prova e não sabem sequer conjugar verbos ou colocar as palavras no final.”

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo agora está fazendo a prova de avaliação dos formados em Medicina. Pois bem: metade deles, segundo declarações formais da entidade, não poderia exercer a profissão de médico por falta de preparo.

Com base nessas informações, Sr. Presidente, na primeira reunião da Comissão de Educação e Cultura aqui da Assembleia Legislativa eu vou pedir para pararmos com todos os assuntos e nos concentrarmos na questão do ensino oferecido pelas instituições oficiais e particulares do Estado de São Paulo. Em uma das últimas reuniões, estávamos convidando ou convocando o reitor da USP para vir explicar nesta Casa por que escolheu o segundo ou o terceiro colocado como reitor ou como diretor de faculdade. Depois, informações sobre o porquê de alguns alunos terem sido punidos; são assuntos relevantes mas não prioritários diante da realidade que acabo de expor.

Fica aqui um pedido ao Governador de São Paulo: faça uma comissão de emergência, com pessoas entendidas em educação, para analisarem esses dados acachapantes e que tanto denigrem a nossa imagem. Por que o ensino está assim? Vamos analisar tudo isso e, eu tenho a certeza, propostas irão surgir para criar em nosso País uma nova situação na área educacional. Não é possível, Sr. Presidente, a gente ficar em silêncio, diante desses dados catastróficos e não tentar fazer nada para mudar essa situação.”

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