segunda-feira, 28 de março de 2016

CADEIA PARA OS GRANDES LADRÕES

Welson Gasparini

Desde menino eu ouvi uma frase demonstrativa do próprio pensamento popular em relação à natureza dos delitos: “quem rouba pouco, é ladrão; quem rouba muito, é barão”. Esse quadro, felizmente, está mudando e hoje o Brasil já assiste a prisão, até, de banqueiros e de grandes empreiteiros.
Ainda assim, há uma legítima preocupação popular no sentido de, por artimanhas legais, alguns desses meliantes de alto coturno se livrarem das punições a eles reservada. Reunidos em Brasília, sob a Presidência de Dom Sérgio da Rocha, os membros do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através da Nota Oficial manifestaram suas inquietações diante do grave momento pelo qual passa o país.
Nessa nota, a CNBB cita fala do Papa Francisco segundo a qual “ninguém pode exigir que releguemos a religião a uma intimidade secreta de pessoas, sem qualquer influência na via social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos”.
E a CNBB vai além: “vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de fundo a ausência de referências éticas e morais, pilares para a vida e organização de toda a sociedade”.
O momento atual como ela observa não é de acirrar ânimos. É preciso diálogo à exaustão, mas as suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas instâncias competentes. Não pode, assim, ser chamado de “golpe” o uso de um instrumento previsto constitucionalmente que é o impeachment de uma presidente cuja incompetência está sendo altamente danosa para o povo brasileiro.
Nesta fase vivida pelo país – conforme tive oportunidade de focalizar em pronunciamento recente na tribuna da ALESP – é muito importante o Poder Judiciário cumprir, soberanamente o seu dever, punindo nos termos das leis todos aqueles pilhados em atos de corrupção que causaram e ainda continuam causando graves prejuízos ao nosso país.
Temos o dever de exigir, dos nossos dirigentes, comportamento compatível com o momento atual, apoiando-os no sentido de encontrarem soluções, o mais rápido possível, para as crises por eles próprios geradas. Temos hoje, no Brasil, perto de dez milhões de desempregados, quase todos sem esperança de oportunidades de emprego em curto prazo.
Se quando um trabalhador, chefe de família, empregado, ganha pouco, sua vida já é difícil imagine para quem está desempregado, sem ganhar nada e sem esperança de dias melhores?
Não dá para esperar mais. Os brasileiros clamam por coragem e competência das suas lideranças para resolverem as crises ora vividas. Precisamos provar ao mundo que somos um país sério e isto só será possível se acabarmos com a corrupção e conseguirmos colocar, na cadeia, os grandes ladrões ainda impunes!

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