segunda-feira, 31 de agosto de 2015

TABELA SUS


Welson Gasparini
Quem presta qualquer tipo de serviço almeja, é claro, remuneração adequada; quando esse serviço inclui material de qualquer ordem o que se pretende é, no mínimo, o ressarcimento do custo desse material utilizado. Isto, lamentavelmente, não acontece com a tabela SUS utilizada pelo governo federal para pagar serviços médicos e hospitalares. Essa tabela se transformou no grande tormento e no principal motivador das crises enfrentadas pelas Santas Casas e pelos hospitais beneficentes. Tenho dados demonstrando uma defasagem de até 434% nos pagamentos do governo federal aos hospitais por essa tabela. Poderia citar vários procedimentos médicos e hospitalares que a tabela SUS se dispõe e é obrigada a pagar aos hospitais beneficentes e filantrópicos, mas, infelizmente, o déficit decorrente da defasagem chega, em alguns casos, a 13 mil por cento.
Como é possível atender os pacientes do SUS se a tabela oficial não remunera no mínimo – sequer cobrindo o custo -  aquele serviço? Então é preciso -  e com urgência - corrigir a tabela SUS. Caso contrário, vamos continuar assistindo ao que está acontecendo, por exemplo, na Santa Casa de São Paulo, onde a solução aventada é a de não atender aos pedidos do SUS. Se os hospitais não atenderem pelo SUS, quem irá atender? Até quando vamos ver doentes morrendo por falta de atendimento médico ou hospitalar porque a tabela SUS é insuficiente para atender até mesmo ao custo do serviço prestado? Como pode uma Santa Casa ou hospital beneficente como empresa legalmente constituída, pagando empregados e encargos sociais, sobreviver com receita inferior à despesa?
Em decorrência dessa insensatez mais de 50 hospitais já foram fechados no estado de São Paulo, todos eles beneficentes ou Santas Casas. Em São Paulo e em todo o Brasil os maiores hospitais beneficentes e santas casas do estado estão cortando os atendimentos médicos e desativando leitos. Na região de Ribeirão Preto, que é a minha cidade, várias Santas Casas ou fecharam ou cortaram o número de atendimentos. O que acontece?  Acontece o caos e o atendimento hospitalar vive uma crise sem precedentes: muitos hospitais devem hoje milhões de reais e não têm recursos para pagar seus revendedores e fornecedores, inclusive de remédios.
Reitero o apelo que já fiz aos nossos governantes na área federal, estaduais e municipais:  mesmo diante da paradeira atualmente enfrentada pelo país levando a união, os estados e os municípios a terem quedas significativas nas suas arrecadações preservem dos cortes, dos agora inevitáveis “contingenciamentos”, a área da saúde. Saúde é vida e a vida só tem sentido quando dispomos das condições físicas e mentais que nos permitam desfrutá-la enfrentá-la.

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