Welson
Gasparini
O Brasil vive muitos e graves problemas, todos
eles merecendo atenções verdadeiramente prioritárias dos nossos governantes
municipais, estaduais e federal: entre tais, conforme destaquei em recente
pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa estadual, os do tratamento
da água e do saneamento básico. No Brasil, eis um dado terrível, cerca de 35
milhões de pessoas não têm acesso à água tratada. Até parece uma estatística
impossível: 35 milhões de pessoas são forçadas a beber água de poços, de córregos
ou de rios sem qualquer tratamento prévio. Mais grave ainda, no entanto, é o caso do
esgoto: 100 milhões de brasileiros não
têm redes coletoras de esgoto em suas casas e 60% dos esgotos gerados são
lançados em rios e córregos sem qualquer cuidado com seus efluentes.
O que isto pode significar isso para a saúde dos
brasileiros vivendo nessas condições? Cem milhões de brasileiros não dispondo
de saneamento básico? São, assim, cem
milhões de brasileiros privados de um benefício essencial em qualquer
residência que é o aparelho sanitário, a popular “privada”. Desses cem milhões,
trinta e cinco milhões bebem água, muitas vezes, de origem duvidosa e
contaminada por coliformes fecais.
É essencial, portanto, nossos governantes darem prioridade
a essa área da Saúde, principalmente no relacionado à água tratada e à rede de
esgoto para a população. Mesmo em São Paulo, o estado mais rico deste país, muitas
casas ainda estão sem privada e sem rede de água devidamente tratada.
Aproveitei minha fala da tribuna para fazer um
apelo - começando pelo estado de São Paulo - ao governador Geraldo Alckmin,
para fazer um plano específico garantindo, para dentro de tantos anos, que não
ficará uma só família sem água devidamente tratada e sem a rede de esgoto passando
em frente à sua casa.
Na realidade, hoje é comum ouvirmos falar “não”,
porque os poderes públicos estão sem dinheiro. “Está muito difícil.” Poxa, mas
o que aconteceu neste País? Na Copa do Mundo não havia dinheiro para construir
estádios e campos de futebol ao custo de bilhões de reais? Só o estádio do
Maracanã, por exemplo, consumiu cerca de um bilhão e duzentos milhões de reais,
dos quais R$ 224 milhões foram “aplicados” em propinas. Houve, ainda, outros
estádios contemplados com milhões ou bilhões de reais e, na verdade, foram
construídos de tal forma que, se botassem a população inteirinha das cidades
onde eles estão, sequer conseguiriam lotá-los. Para isso, havia dinheiro.
Agora, se a população ficar dentro de casa, se
não sair às ruas para efetivamente exigir dos políticos, dos administradores
públicos, a aplicação correta do dinheiro dos impostos, nós vamos continuar
vivendo, em termos de tratamento da água e de saneamento básico, essa situação
verdadeiramente calamitosa.
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