Welson
Gasparini
Não há
didática melhor na educação de uma criança do que os exemplos dados pelos mais
velhos e, sobretudo, pelos pais. Ensinar pelo exemplo é ensinar como se deve.
Não adianta um pai ou uma mãe fumantes, por exemplo, tentarem coibir esse vício
no filho; ou uma mãe ou pai alcoólatras pretenderem de seus filhos aversão às
bebidas. Se os pais querem filhos que respeitem os mais velhos e tenham
princípios morais, éticos ou religiosos devem mostrar a eles esses princípios
sendo seguidos no cotidiano da própria família. São valores, felizmente,
transmissíveis; da mesma forma como são transmissíveis também a transgressão a
esses valores. Como pode, por outro lado, ser alegre e feliz uma família cujo
chefe está sempre de mau humor, invariavelmente reclamando da vida e das
pessoas?
Escrevi,
recentemente, uma crônica na qual focalizo a importância dos bons modos e da
gentileza, do tipo de cumprimentarmos as pessoas com as quais cruzamos (“bom
dia”, boa tarde”, “boa noite”, etc); de respeitarmos os mais velhos; dos jovens
cederem seus lugares nos coletivos aos idosos; de oferecermos ajuda a quem
julgarmos devida e por ai afora.
Recebi
algumas manifestações de apoio e concordância ao meu raciocínio, um deles – na
forma de depoimento - de uma jornalista ribeirão-pretana que muito
respeito relatando um episódio bastante representativo do modo como os pais
devem educar os seus filhos:
“Há uns quinze
anos atrás – escreveu-me ela - assisti uma palestra no Colégio Auxiliadora,
onde a médica (hebiatra), falava do exemplo dos pais... Se um pai passa no
sinal vermelho e fala pro filho que isso não tem problema, o filho vai crescer
achando que isso é normal... E citou muitos outros exemplos onde os pais fazem
coisas erradas e dizem pros filhos que não tem problema, por causa disso ou
daquilo (justificando a atitude errada).
Peço até desculpas por tomar seu tempo, mas preciso dar esse
testemunho... Sempre ensinei meus filhos a não mentir... Há uns dois meses
atrás, minha filha de 18 anos estava num churrasco e uma das "amigas"
disse a ela "liga no meu serviço e fala que você é minha prima e que eu
não posso ir trabalhar porque não estou passando bem..." e a minha filha
respondeu que "não, não ligaria". A colega insistiu... "pode
ligar, eles não vão ficar sabendo da verdade" e minha filha respondeu:
"não posso ligar porque é mentira, e eu não minto".
Quando minha filha me contou isso e depois o namorado dela
confirmou, senti um tremendo orgulho. Às vezes as pessoas acham que estão
tirando algum tipo de vantagem, infringem leis, às vezes até em coisas simples,
como uma vaga de estacionamento, como o senhor cita no seu artigo... Mas é tudo
exemplo.
Prefiro ser chata, quadrada e qualquer outro adjetivo que a
mocidade utiliza hoje quando falam dos pais, mas de uma coisa tenho orgulho:
sei onde meus filhos estão e sei que eles vão sempre me falar a verdade.”
Concordo com a colega e amiga: bons pais não são aqueles que
concordam com tudo o que os filhos fazem mas que, sim, mesmo correndo o risco
de serem considerados “chatos” ou “quadrados” têm a coragem de impor regras e
limites... Partindo, claro, de seus próprios exemplos!
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