Antes do carnaval, em discurso pronunciado
na tribuna da ALESP, anunciei a intenção de apresentar projeto de lei autorizando
e sugerindo ao governador Geraldo Alckmin instalar, em todas as penitenciárias
do Estado e nas unidades da Fundação Casa, escolas de primeiro grau e profissionalizantes - as chamadas Etec’s da
Fundação Paula Souza. Temos, hoje, no estado de São Paulo, 206 mil presos e,
segundo informações confiáveis, grande parte desses presos, quase 50%, não têm sequer
o ensino fundamental. O mais grave: a capacidade dos presídios em São Paulo é
para 126 mil presos e, no entanto, eles abrigam 206 mil, quase o dobro.
É preciso - e com urgência - lutar
para acabar ou, ao menos, diminuir a chamada fábrica de bandidos. Eu já focalizei,
naquela tribuna, algumas sugestões muito importantes para isso ocorrer. A
recuperação de todo esse pessoal preso é fundamental; ao contrário de ficarem
nos presídios o dia todo e a noite toda sem qualquer atividade física ou
intelectual, pelo meu projeto eles passariam a receber, efetivamente, o
ensinamento proporcionado por essas escolas profissionalizantes de forma a
aprenderem uma profissão. Eles poderiam, assim, durante o período de
cumprimento da pena, aprender uma profissão e já começar, inclusive, a
exercê-la no próprio presídio. Teriam, assim uma remuneração que poderia
auxiliar suas famílias do lado de fora das penitenciárias; que poderia, também,
ser utilizada no ressarcimento dos prejuízos provocados às suas vítimas ou,
ainda, colocar esse dinheiro extra numa caderneta de poupança. O melhor de
tudo: quando deixassem a prisão, quites com a sociedade, teriam uma profissão
para exercer e se tornarem úteis à comunidade na qual viessem a se inserir.
É de grande importância essa medida
para o Brasil. Espero apresentar esse projeto de lei nos próximos dias mas, desde
já, faço um pedido ao governador de São Paulo: determinar às secretarias
competentes para analisarem a possibilidade de adotar essa sugestão e colocá-la
em prática como um importante passo para a recuperação e reinserção social
dessas pessoas hoje detidas (mas lamentavelmente ociosas)nos presídios do
estado de São Paulo.
A ociosidade, todos sabemos, é
péssima para qualquer pessoa; não há nada mais deprimente para o cidadão do que
iniciar o dia sem ter o que fazer, sem qualquer perspectiva para sua vida. Daí
a importância do cidadão, seja qual for sua faixa etária, envolver-se, até
mesmo, em atividades voluntárias, tornando-se útil tanto a si mesmo quanto ao
seu próximo. Quem tem como preencher o seu tempo vive mais e vive melhor;
cadeia, além do mais, não é hospedaria, mas sim um local que teoricamente
deveria ser voltado para a reabilitação do preso, transformando o criminoso em
cidadão socialmente útil.
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