Se há uma questão que, como cidadão e homem publico, não posso silenciar é a dos absurdos preços dos remédios, contrariando inclusive o preceito constitucional segundo o qual Saúde e Educação representam direitos líquidos e certos das pessoas. De que adianta as pessoas irem, com dificuldade, às consultas médicas se, quando vão adquirir os remédios, os preços inibem o seu poder de compra:? Às vezes, não conseguimos entender como algumas pílulas pequenas custam uma fortuna. Tínhamos uma esperança: os chamados “genéricos”. Só que agora, segundo a imprensa denuncia, além dos preços absurdos cobrados pelos chamados “genéricos” um outro fato igualmente grave: 90% das substancias utilizadas nesses medicamentos são produzidas no exterior, principalmente na Índia; apenas 10% são produzidas no Brasil.
Cabe a indagação: se não há mais patentes, por que o Brasil não produz esses medicamentos genéricos? Ou, pelo menos, um percentual bem maior?
Da tribuna da Assembléia fiz um apelo ao Governador de São Paulo, dr. Geraldo Alckmin, conclamando-o a reagir a essa situação, Afinal, temos a Furp, Fundação do Remédio Popular, e condições de produzir remédios pelo próprio governo, freando inclusive a ganância de alguns laboratórios particulares. O Procon, que é um organismo oficial do Governo, fez uma pesquisa nas farmácias e constatou, em remédios , diferença de preço superior a 250 por cento.
Isso, acredito, é um verdadeiro assalto à economia popular, um roubo. Como pode um produto, fundamental para a saúde da população, ter uma diferença de venda de mais de 200 por cento? Eu não defendo que o Poder público entre em tudo mas, em determinados momentos não há outra solução, até como forma de garantir preços justos. Vi a noticia da pesquisa em 15 farmácias apontando essas distorções mas não vi, na sequência, providências tomadas pelos órgãos públicos para colocar um paradeiro nesse autêntico desprezo à economia popular.
Acho de grande importância, portanto, dois aspectos na área de remédios: em primeiro lugar, uma fiscalização mais severa contra os abusos à economia popular nessa questão de preços; em segundo, no concernente aos genéricos, um estudo sério sobre o tema para não termos de continuar importando 90% das substâncias utilizadas se, como já não existem patentes, elas já deveriam estar sendo fabricadas no Brasil.
Na verdade, o preço do remédio não pode – como acontece em alguns casos - inviabilizar a cura da doença; saúde, não custa ressaltar, é um legítimo direito constitucional do cidadão...
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