terça-feira, 6 de junho de 2017

DIA MUNDIAL SEM TABACO


Welson Gasparini

No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em todo 31 de maio, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) lançaram um importante estudo sob o título “O Tabagismo no Brasil: morte, doença e política de preços e impostos”. Essa pesquisa aborda, pela primeira vez, o custo do tabaco para o Brasil, mostrando uma realidade aterrorizante: o consumo de cigarros e outros derivados causa um prejuízo de R$ 56,9 bilhões ao país a cada ano; desse total, R$ 39,4 bilhões são com custos médicos diretos e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos, decorrentes da perda de produtividade, provocadas por morte prematura ou por incapacitação de trabalhadores.
O estudo constatou:  a arrecadação total de impostos pela União e estados, com a venda de cigarros no país, em 2015, foi de R$ 12,9 bilhões. Em outras palavras: o saldo negativo do tabagismo para o país foi de R$ 44 bilhões, quando se subtrai os gastos da saúde em relação aos impostos arrecadados.
Segundo a pesquisa, as doenças relacionadas ao tabaco que mais oneraram em 2015 o sistema público e privado de saúde no Brasil foram: doença pulmonar obstrutiva crônica-DPOC - principalmente enfisema e asma - (R$ 16 bilhões); doenças cardíacas (R$10,3 bilhões); tabagismo passivo e outras causas (R$4,5 bilhões); cânceres diversos de esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga, laringe, colo do útero e leucemia (R$4 bilhões); câncer de pulmão (R$2,3 bilhões); acidente vascular cerebral (AVC)(R$2,2 bilhões); e pneumonia (R$146 milhões).
Mais grave ainda do que o impacto econômico são as mortes provocadas pelo tabagismo, responsável por 156.216 mortes no Brasil em 2015, representando 12,6% de todos os óbitos de pessoas com mais de 35 anos. Do total de 156.216 óbitos relacionados ao tabaco, 34.999 foram por doenças cardíacas, 31.120 por DPOC, 26.651 por cânceres diversos, 23.762 por câncer de pulmão, 17.972 por tabagismo passivo, 10.900 por pneumonia e 10.812 por AVC.
Essa pesquisa – reforçando toda minha pregação contra o cigarro - teve coordenação científica da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), da Universidade de Buenos Aires que o financiou por meio de um acordo técnico com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e com subsídios do International Development Research Centre (IDRC), do Canadá.
A política brasileira de controle do tabaco reduziu em 35% a prevalência de fumantes nas capitais brasileiras, no período de 2006 a 2016.  Mas ainda é pouco porque o fumo, comprovadamente – apesar do governo oferecer tratamento gratuito para fumantes nas Unidades Básicas de Saúde – além de matar ainda representa um fardo insuportável para uma economia tão cambaleante quanto a nossa na qual tanto faltam recursos para áreas realmente essenciais quanto a própria Saúde e a Educação. O cigarro, reitero, deve ser tratado como inimigo público e verdadeira ameaça à vida e à saúde de quem, apesar de todos os alertas, insiste em perseverar nesse vício fatídico.

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