Welson
Gasparini
A nação brasileira vive, presentemente, um dos
momentos mais triste de sua história, com a corrupção tomando conta de setores
públicos e privados. A Transparência Internacional, por exemplo, classificou o
“Petrolão” como o segundo maior caso de corrupção do mundo.
Todos os dias tomamos conhecimentos de novos
escândalos de corrupção envolvendo grandes empresários do país, políticos e
administradores públicos.
São bilhões de reais, que poderiam ser
investidos na educação, na saúde e no saneamento básico sendo desviados para os
bolsos de espertalhões e desonestos.
E infelizmente a justiça, regra geral, demora
muito para julgar os grandes ladrões. No escândalo do Mensalão, os processos
demoraram cerca de 12 anos para chegarem a sentença final. E, praticamente,
embora alguns malandros tenham sido condenados e presos, nenhum deles devolveu
o dinheiro roubado.
Agora melhorou um pouco, graças à atuação da
polícia federal e de alguns membros do Judiciário. Mesmo assim os grandes
ladrões – desfrutando da prerrogativa de
serem julgados por instâncias judiciárias superiores – conseguem esperar
em liberdade o julgamento.
O Supremo Tribunal Federal está entulhado de
processos. O acervo atualizado de 61.632 processos indica que, desses, 10.278
estão no Gabinete da Presidência.
É urgente e necessário uma grande reforma em
nossas leis e isto só poderá ser feito pelos políticos, pois no sistema
democrático esta tarefa cabe a eles.
Não adianta apenas criticar e dizer: a maioria
dos políticos não presta. Eles são eleitos e cumpre ao povo escolher melhor
participando ativamente do processo de seleção dos mesmos.
Em sua visita ao Brasil o Papa Francisco fez
importante pronunciamento sobre isto. “Envolver-se na política – afirmou o Sumo
Pontífice - é uma obrigação para um
cristão. Nós, os cristãos não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não
podemos! Temos de nos meter na política, porque a política é uma das formas
mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem
trabalhar na política.”
A política – e não há como discordar de
Francisco – efetivamente está muito suja. Mas eu pergunto: “está suja por quê?”
Porque os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É fácil
atribuir a culpa a outrem. Cabe, porém a reflexão, a ser feita individualmente:
“e eu, o que faço? Cumpro o meu dever, como cristão, de trabalhar pelo bem
comum?”
Se todo cristão se conscientizar da sua
responsabilidade comunitária e social, certamente a busca do bem comum poderá
ser, mais facilmente, concretizada. Dentro da mesma linha se posicionou outra
figura reverenciada em todo o mundo, o pastor Martin Luther “King” ao afirmar,
entre outras frases luminares: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio
dos bons.” Ou, ainda, quando ele dimensiona “a verdadeira medida de um homem
não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas
em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.”
Como vivemos tempos de controvérsias e desafios,
cabe-nos um comportamento cristãmente adequado no papel de “limpar” a política
dando lugar aos bons e alijando, dentro das nossas possibilidades, os maus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário