quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A POLÍTICA ESTÁ SUJA


Welson Gasparini

A nação brasileira vive, presentemente, um dos momentos mais triste de sua história, com a corrupção tomando conta de setores públicos e privados. A Transparência Internacional, por exemplo, classificou o “Petrolão” como o segundo maior caso de corrupção do mundo.
Todos os dias tomamos conhecimentos de novos escândalos de corrupção envolvendo grandes empresários do país, políticos e administradores públicos.
São bilhões de reais, que poderiam ser investidos na educação, na saúde e no saneamento básico sendo desviados para os bolsos de espertalhões e desonestos.
E infelizmente a justiça, regra geral, demora muito para julgar os grandes ladrões. No escândalo do Mensalão, os processos demoraram cerca de 12 anos para chegarem a sentença final. E, praticamente, embora alguns malandros tenham sido condenados e presos, nenhum deles devolveu o dinheiro roubado.
Agora melhorou um pouco, graças à atuação da polícia federal e de alguns membros do Judiciário. Mesmo assim os grandes ladrões – desfrutando da prerrogativa de   serem julgados por instâncias judiciárias superiores – conseguem esperar em liberdade o julgamento.
O Supremo Tribunal Federal está entulhado de processos. O acervo atualizado de 61.632 processos indica que, desses, 10.278 estão no Gabinete da Presidência.
É urgente e necessário uma grande reforma em nossas leis e isto só poderá ser feito pelos políticos, pois no sistema democrático esta tarefa cabe a eles.
Não adianta apenas criticar e dizer: a maioria dos políticos não presta. Eles são eleitos e cumpre ao povo escolher melhor participando ativamente do processo de seleção dos mesmos.
Em sua visita ao Brasil o Papa Francisco fez importante pronunciamento sobre isto. “Envolver-se na política – afirmou o Sumo Pontífice -  é uma obrigação para um cristão. Nós, os cristãos não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Temos de nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política.”
A política – e não há como discordar de Francisco – efetivamente está muito suja. Mas eu pergunto: “está suja por quê?” Porque os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É fácil atribuir a culpa a outrem. Cabe, porém a reflexão, a ser feita individualmente: “e eu, o que faço? Cumpro o meu dever, como cristão, de trabalhar pelo bem comum?”
Se todo cristão se conscientizar da sua responsabilidade comunitária e social, certamente a busca do bem comum poderá ser, mais facilmente, concretizada. Dentro da mesma linha se posicionou outra figura reverenciada em todo o mundo, o pastor Martin Luther “King” ao afirmar, entre outras frases luminares: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” Ou, ainda, quando ele dimensiona “a verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.”
Como vivemos tempos de controvérsias e desafios, cabe-nos um comportamento cristãmente adequado no papel de “limpar” a política dando lugar aos bons e alijando, dentro das nossas possibilidades, os maus.

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