Welson
Gasparini
A rápida deterioração do mercado de trabalho,
acelerada pela incompetência do governo petista em enfrentar os problemas
econômicos do país, mostra uma nova e perversa realidade: o desemprego não
atinge somente a mão de obra não qualificada (abundante em todo o país), mas,
também, os trabalhadores qualificados (administradores de empresas, advogados,
enfermeiros, técnicos de nível médio ou superior etc). Dados do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego,
divulgados com destaque no jornal “Estadão” revelam: em 2015, 115 mil postos de
trabalho com carteira assinada foram fechados para brasileiros com ensino
superior incompleto ou completo.
Essa retração marca uma virada preocupante:
enquanto de 2004 a 2014 o Brasil sempre criou empregos para os mais
escolarizados, em 2015 – primeiro ano do segundo governo da presidente Dilma –
esse quadro mudou. Assim - ao lado dos trabalhadores rurais, dos operários da
construção civil, dos metalúrgicos, dos bancários e dos comerciários, entre
outras categorias - também os
profissionais de nível superior, muitos deles altamente qualificados, encontram-se
na busca de oportunidades de trabalho num mercado cada vez mais restrito e
competitivo.
No meu ponto de vista o desemprego é, de longe,
a principal chaga social brasileira porque não existe drama tão grave quanto o
vivido por um cidadão que quer trabalhar – tendo capacidade e vontade – mas não
encontra trabalho. Haverá maior humilhação para um pai de família do que não
dispor de recursos para as despesas básicas da sua casa? Não poder atender o
pedido de um filho? Não poder suprir a própria despensa? O dia de um
desempregado tem 24 horas como o de qualquer outra pessoa, mas, no entanto,
demora muito mais a passar devido a angustia de quem se vê privado de uma
ocupação, seja ela qual for, tornando-se um fardo para sua própria família.
Gerar empregos é, no Brasil de hoje, a
prioridade básica de qualquer governo, seja ele federal, estadual ou municipal;
todo incentivo deve ser dado a quem queira investir ou empreender. Mas não é,
lamentavelmente, o que acontece num pais onde a carga tributária e os juros
elevadíssimos cobrados pelas instituições financeiras desencorajam qualquer
empreendedor. O empresário brasileiro -
seja ele industrial, comercial, rural ou prestador de serviços – está
sempre remando contra a maré porque não encontra estímulo para produzir e o seu
lucro, em margem desigual, é dividido com um governo perdulário e
inconsequente.
De qualquer forma, não podemos perder a
esperança em dias melhores, porém, dentro de uma perspectiva realista: esses
dias melhores só virão se houver mudanças capazes de devolver o otimismo que
sempre foi uma característica do brasileiro. Do jeito que está, definitivamente,
não dá para continuar.
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