Welson Gasparini
Desde menino eu
ouvi uma frase demonstrativa do próprio pensamento popular em relação à
natureza dos delitos: “quem rouba pouco, é ladrão; quem rouba muito, é barão”.
Esse quadro, felizmente, está mudando e hoje o Brasil já assiste a prisão, até,
de banqueiros e de grandes empreiteiros.
Ainda assim, há
uma legítima preocupação popular no sentido de, por artimanhas legais, alguns
desses meliantes de alto coturno se livrarem das punições a eles reservada.
Reunidos em Brasília, sob a Presidência de Dom Sérgio da Rocha, os membros do
Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através da
Nota Oficial manifestaram suas inquietações diante do grave momento pelo qual
passa o país.
Nessa nota, a
CNBB cita fala do Papa Francisco segundo a qual “ninguém pode exigir que
releguemos a religião a uma intimidade secreta de pessoas, sem qualquer
influência na via social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que
interessam aos cidadãos”.
E a CNBB vai
além: “vivemos uma profunda crise política, econômica e institucional que tem
como pano de fundo a ausência de referências éticas e morais, pilares para a
vida e organização de toda a sociedade”.
O momento atual
como ela observa não é de acirrar ânimos. É preciso diálogo à exaustão, mas as
suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas
instâncias competentes. Não pode, assim, ser chamado de “golpe” o uso de um
instrumento previsto constitucionalmente que é o impeachment de uma presidente
cuja incompetência está sendo altamente danosa para o povo brasileiro.
Nesta fase
vivida pelo país – conforme tive oportunidade de focalizar em pronunciamento recente
na tribuna da ALESP – é muito importante o Poder Judiciário cumprir,
soberanamente o seu dever, punindo nos termos das leis todos aqueles pilhados
em atos de corrupção que causaram e ainda continuam causando graves prejuízos
ao nosso país.
Temos o dever
de exigir, dos nossos dirigentes, comportamento compatível com o momento atual,
apoiando-os no sentido de encontrarem soluções, o mais rápido possível, para as
crises por eles próprios geradas. Temos hoje, no Brasil, perto de dez milhões
de desempregados, quase todos sem esperança de oportunidades de emprego em
curto prazo.
Se quando um
trabalhador, chefe de família, empregado, ganha pouco, sua vida já é difícil
imagine para quem está desempregado, sem ganhar nada e sem esperança de dias
melhores?
Não dá para
esperar mais. Os brasileiros clamam por coragem e competência das suas
lideranças para resolverem as crises ora vividas. Precisamos provar ao mundo
que somos um país sério e isto só será possível se acabarmos com a corrupção e
conseguirmos colocar, na cadeia, os grandes ladrões ainda impunes!
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