Welson
Gasparini
O secretário da Educação do Estado de São Paulo,
Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo na tarde da última sexta-feira,
04/12, logo após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciar a suspensão da
reorganização escolar na rede estadual de ensino.
O projeto de reorganização das escolas era uma
aposta da pasta, mas esbarrou em uma grande resistência por parte de alunos,
pais e professores - culminando na ocupação de cerca de 200 escolas e protestos
nas ruas com repressão policial.
Revelando, ainda uma vez, sua sensibilidade
política, o governador também anunciou, em entrevista à imprensa, o propósito
de retomar esse projeto – tecnicamente bem elaborado – mas preceder essa
retomada de um diálogo franco e aberto com os professores, os pais dos alunos e
a comunidade em geral.
Faltou, lamentavelmente, diálogo, inclusive com
a própria Comissão de Educação da ALESP, da qual sou membro efetivo, porque só
soubemos desse plano quando ele já estava, praticamente, na fase de
execução.
Em Ribeirão Preto, por exemplo – apesar da
ocupação por alunos e professores do tradicionalíssimo “Otoniel Mota” - não
haveria o fechamento de uma única escola; muito pelo contrário, apenas neste
ano de 2015, o governador colocou para funcionar tanto a FATEC (Faculdade de
Tecnologia) quanto as escolas estaduais instaladas nos os bairros Jardim
Flamboyant, Jardim Jóquei Clube e Jardim Monte Carlo.
Obviamente as manifestações exacerbadas tiveram
conotação política com a participação de partidos e grupos ideológicos
interessados em conturbar a ordem pública e criar constrangimentos para o
governo estadual.
A falta de diálogo da secretaria da Educação com
a sociedade – pela qual o governador não pode ser responsabilizado –
divulgando, de modo claro e inequívoco, as razões da mudança, o custo e a
destinação certa de cada prédio acabou ensejando, de parte dos sabotadores
desse projeto, a divulgação de mentiras como a de que o governo iria fechar
escolas.
A reestruturação, em si, é correta, porque
permitirá a otimização de recursos e o uso de prédios quase ociosos em
benefício dos estudantes. O que faltou foi explica-la, didaticamente, à
sociedade.
O oportunismo de grupos radicais liderados pelo
PT – envolvendo, inclusive, profissionais da agitação recrutados em outros
Estados brasileiros – traz prejuízo para a educação e a população de São Paulo.
Alckmin foi claro: "Vamos dialogar em
escola por escola. O ano de 2016, que seria de implantação da medida, será um
ano de aprofundarmos esse diálogo". Por ora, todavia, não haverá mudanças:
os alunos continuarão em suas escolas ao longo do ano que vem.
A falha elementar foi a falta de comunicação
clara desde o início transformando uma iniciativa voltada para o aprimoramento
educacional numa questão política para sindicatos e movimentos sociais, como o
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que trabalharam para inflar os
protestos.
Feliz, por outro lado, o governador ao usar uma
frase do Papa Francisco para explicar sua decisão de adiar a reorganização:
"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento há sempre uma opção
possível: o diálogo".
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