Welson
Gasparini
Tenho insistido muito, em artigos ou em pronunciamentos, em
apontar como grandes problemas nacionais a educação (precária em todos os
níveis) e a saúde (deixando, indiscutivelmente, a desejar). Mas, na verdade,
refletindo melhor, tendo em vista, inclusive, os últimos acontecimentos (as
prisões de um pecuarista amigo do peito do ex-presidente Lula e a de um senador
líder do governo no Senado, bem como a decisão de uma grande empreiteira em
devolver para os cofres públicos R$ 1 bilhão superfaturados em obras de
estádios da recente e malograda Copa do Mundo) cheguei a outra conclusão: o
grande problema nacional, o problema número 1, é a corrupção, a roubalheira
verdadeiramente institucionalizada em nosso país (opinião, por sinal,
compartilhada, atualmente, pela maioria da população brasileira conforme
pesquisa divulgada pela Datafolha no último domingo).
Não sou só eu quem fala desse desvio da consciência nacional:
são pessoas importantes, a exemplo do ministro
do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que afirmou recentemente, em São Paulo,
serem estratosféricos os números da corrupção apurados na chamada operação Lava
Jato. O magistrado, ao participar de um debate com grupo de líderes empresariais
paulistas, destacou ainda: quando o STF avaliou o caso do “mensalão”, aquele
era considerado até então o maior caso de corrupção da história do Brasil, um
julgamento extremamente importante para o sucesso da própria Lava Jato.
O ex-gerente executivo da Petrobras – vejam bem, esse homem
era gerente executivo da Petrobras - Pedro Barusco, confessou ter recebido
propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobras e, preso pela operação Lava
Jato, tornou-se um dos delatores. O que ele fez? Além de ter confessado o roubo,
devolveu, voluntariamente, ao tesouro nacional, no esquema de delação premiada,
$96 milhões de dólares. As investigações ora desenvolvidas seriam impensáveis
se nós não tivéssemos aquele julgamento do mensalão, segundo Gilmar Mendes,
dando origem ao Petrolão com números, conforme ressaltou, estratosféricos.
Mais importante ainda: a operação
Lava Jato tem tido sucesso, até o momento, porque uma força-tarefa da Polícia
Federal e um juiz, Sérgio Moro, têm enfrentado a corrupção de maneira corajosa.
Tanto é que alguns órgãos de imprensa tinham certeza de que, em determinado
momento, esses apuradores da ladroeira na maior estatal do país, principalmente
o juiz Moro e a força-tarefa da Polícia Federal, passariam a sofrer graves
ofensas e seriam impedidos de continuar esse trabalho livremente, porque até
ameaças suas famílias estariam recebendo.
Enquanto isto, aqueles condenados no
mensalão já estão quase todos na rua ou, quando não, dormindo em casa. Ficam um
pouquinho na prisão, trabalham um pouco e depois vão para casa; outros já estão
tomando cerveja e chope na rua, sem qualquer constrangimento.
Daí, portanto, a minha convicção: o
maior problema do Brasil, hoje, não é a Educação e nem a Saúde, mas é a roubalheira, a corrupção
– sem que quem rouba e corrompe a administração pública responda, efetivamente,
pelos seus atos, indo para as cadeias, como devem ir todos os ladrões.
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