segunda-feira, 22 de junho de 2015

RIBEIRÃO PRETO, 159 ANOS...


Welson Gasparini

Quando Ribeirão Preto completa 159 anos não posso deixar de rememorar a vida vivida naquela cidade desde quando, mocinho ainda, na busca de um lugar onde pudesse ter melhores oportunidades de trabalho e de estudo, deixei a minha Batatais. Já se passaram, de lá para cá, mais de 60 anos e minha vinda não foi direta: nos primeiros tempos, já matriculado no curso normal do Instituto de Educação Otoniel Mota (na avenida 9 de julho), eu vinha e voltava todos os dias. Naquela altura eu já era órfão de pai (meu pai, Victório Gasparini, faleceu muito moço ainda) e morava com a minha mãe, dona Deolinda e minha irmã Terezinha. Meus irmãos, mais velhos, já tinham tomado rumo em suas vidas: Ampélio cursava a Academia de Polícia, da qual sairia como oficial da PM e Alpheu, já formado professor, lecionava em escolas de Ipuã e São Joaquim da Barra; Geraldo, Djalma e Wilson também seguiam voos solos.
Meus primeiros tempos em Ribeirão Preto – então uma cidade de porte médio, com pouco mais de 100 mil habitantes – foram de expectativas que a própria vida haveria de superar.  Eu era jovem, tinha todas as ambições próprias da idade, mas ainda não tinha emprego. Por sorte, minha mãe ouviu a Zyr-79 anunciando que estava realizando concurso para contratação de locutores e me disse: ”você tem uma leitura fácil, porque não tenta?” Fiz o teste e fui contratado juntamente com o Domingos Isaac (que acabou se elegendo vereador e sendo o vice-prefeito de Antônio Duarte Nogueira no seu primeiro mandato como prefeito de Ribeirão Preto). Mais algum tempo e uma outra porta me foi aberta pelo “Diário de Noticias”, jornal da arquidiocese de Ribeirão Preto: ainda ligado a Batatais, sabendo de um jogo entre o time batataense com o São Paulo FC, procurei o Braulio Geraldo, redator daquele jornal, solicitando-lhe credencial para entrar no jogo, naturalmente sem pagar o ingresso. Vai daí que, nesse dia, o então governador Jânio Quadros visitava a cidade: aproveitei para entrevista-lo, pedindo-lhe inclusive uma mensagem para Ribeirão Preto. Jânio, muito gentil, chamando-me de “menino”, deu-me uma entrevista que levei, ocupando várias laudas, para o jornal; quanto ao jogo, limitei-me ao relato básico. O pessoal do jornal gostou e fui convidado para nele trabalhar como repórter.
Do jornalismo para a política foi um passo: empolgado com as ideias da Democracia Cristã, expressas no Brasil através da liderança do ex-governador Franco Montoro,  ingressei no Juventude  Democrata Cristã e, em 1958, disputei e venci a eleição para vereador de Ribeirão Preto; dois anos depois, fui candidato a deputado estadual mas não obtive a quantidade necessária de votos para me eleger; entusiasmado, entretanto, pela votação então recebida atrevi-me a um passo maior, numa missão  praticamente impossível: em 1963 disputei a Prefeitura, venci  e comecei, então, a trabalhar em prol de uma Ribeirão Preto melhor, incluindo a  construção de praças e a abertura de  avenidas que ainda hoje tanto amenizam e facilitam a vida dos ribeirão-pretanos.
Ribeirão Preto, em resumo, é uma cidade a qual tudo devo e tudo o que puder fazer em  retribuição será pouco; uma dívida que a cada ano  cresce mais e nunca conseguirei pagá-la!

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