terça-feira, 9 de junho de 2015

CORTAR VERBAS PARA SAÚDE É CORTAR VIDAS...


Welson Gasparini

Haverá, em qualquer escala de valores que se faça, algo mais importante do que a vida humana? E vida humana para ser vivida na plenitude não depende, fundamentalmente, da saúde física e mental de quem a vive? Por isto mesmo eu vejo com enorme apreensão notícias de cortes, principalmente da parte do governo federal, nessa área tão essencial.
Se a saúde publica brasileira já é tão precária com os recursos financeiros ora disponíveis, imaginemos se eles forem, conforme essa palavra tão em uso, “contingenciados”. É um absurdo inominável. Cortar verbas para a saúde, “contingenciá-las”, é cortar vidas.
Em reunião recente da Comissão de Saúde da ALESP, da qual sou membro efetivo, fiz um apelo, aprovado pela unanimidade dos meus pares, no sentido dos governos federal, estaduais e municipais – mesmo forçados a reduzir despesas em função da queda nas arrecadações – preservarem essa área fundamental.
É importante a preservação dos recursos da Saúde, cujas dificuldades financeiras já são grandes:   se houver mais cortes, será um verdadeiro caos neste país. Já não bastam os muitos casos de pessoas mortas nas portas dos hospitais e dos postos de saúde, após esperaram horas e horas por uma consulta médica ou por uma internação? As crianças mortas por falta de leitos nos hospitais ou de médicos no momento em que buscavam o atendimento? A falta de remédios e outros requisitos fundamentais para tratar os doentes neles internados por muitos hospitais?
Fazer mais economia na Saúde é matar mais gente neste País e, com isto, não podemos concordar de jeito nenhum. Infelizmente, na conjuntura atualmente enfrentada pela economia do nosso país, falta dinheiro para tudo: não pode, entretanto, é faltar dinheiro para a saúde.
 A Comissão de Saúde, por unanimidade, apreciando esta minha proposta, decidiu:  enviará uma moção à presidente da República, através também dos ministros; aos governadores de Estado, através dos seus secretários e aos prefeitos municipais, para terem muito cuidado nesses cortes chamados “contingenciamentos”.
Não é possível, num país como o nosso, assistirmos passivamente crianças e idosos morrerem por falta de assistência médica e hospitalar. Muitas pessoas vão de uma cidade a outra, em desespero, para ver se encontram uma vaga em qualquer hospital, de qualquer cidade. E a resposta é sempre a mesma: não há condições de atendê-las.
No estado de São Paulo os chamados hospitais filantrópicos, as Santas Casas, muitos deles estão fechando suas portas por falta de recursos financeiros. É uma emergência, reconheço. Na área federal, o ministro da Fazenda, Levy, anuncia uma série de medidas para ver se conseguimos vencer essa grave crise assolando o nosso país. Essas medidas, embora justificáveis, não podem afetar ainda mais a área da saúde.
E fiz ainda um apelo ao poder Judiciário no sentido de agilizar a recuperação do dinheiro desviado dos cofres públicos pela corrupção e fazê-lo ser aplicado em áreas essenciais como a da saúde. Saúde é vida e a vida, como um bem de valor inestimável, não pode ficar à mercê de interesses meramente pecuniários. 

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