Welson Gasparini
Haverá, em qualquer escala de valores que se faça, algo mais
importante do que a vida humana? E vida humana para ser vivida na plenitude não
depende, fundamentalmente, da saúde física e mental de quem a vive? Por isto
mesmo eu vejo com enorme apreensão notícias de cortes, principalmente da parte
do governo federal, nessa área tão essencial.
Se a saúde publica brasileira já é tão precária com os
recursos financeiros ora disponíveis, imaginemos se eles forem, conforme essa
palavra tão em uso, “contingenciados”. É um absurdo inominável. Cortar verbas
para a saúde, “contingenciá-las”, é cortar vidas.
Em reunião recente da Comissão de Saúde da ALESP, da qual sou
membro efetivo, fiz um apelo, aprovado pela unanimidade dos meus pares, no
sentido dos governos federal, estaduais e municipais – mesmo forçados a reduzir
despesas em função da queda nas arrecadações – preservarem essa área fundamental.
É importante a preservação dos recursos da Saúde, cujas
dificuldades financeiras já são grandes: se houver mais cortes, será um verdadeiro
caos neste país. Já não bastam os muitos casos de pessoas mortas nas portas dos
hospitais e dos postos de saúde, após esperaram horas e horas por uma consulta
médica ou por uma internação? As crianças mortas por falta de leitos nos
hospitais ou de médicos no momento em que buscavam o atendimento? A falta de
remédios e outros requisitos fundamentais para tratar os doentes neles
internados por muitos hospitais?
Fazer mais economia na Saúde é matar mais gente neste País e,
com isto, não podemos concordar de jeito nenhum. Infelizmente, na conjuntura
atualmente enfrentada pela economia do nosso país, falta dinheiro para tudo: não
pode, entretanto, é faltar dinheiro para a saúde.
A Comissão de Saúde,
por unanimidade, apreciando esta minha proposta, decidiu: enviará uma moção à presidente da República,
através também dos ministros; aos governadores de Estado, através dos seus
secretários e aos prefeitos municipais, para terem muito cuidado nesses cortes chamados
“contingenciamentos”.
Não é possível, num país como o nosso, assistirmos
passivamente crianças e idosos morrerem por falta de assistência médica e
hospitalar. Muitas pessoas vão de uma cidade a outra, em desespero, para ver se
encontram uma vaga em qualquer hospital, de qualquer cidade. E a resposta é
sempre a mesma: não há condições de atendê-las.
No estado de São Paulo os chamados hospitais filantrópicos,
as Santas Casas, muitos deles estão fechando suas portas por falta de recursos
financeiros. É uma emergência, reconheço. Na área federal, o ministro da
Fazenda, Levy, anuncia uma série de medidas para ver se conseguimos vencer essa
grave crise assolando o nosso país. Essas medidas, embora justificáveis, não
podem afetar ainda mais a área da saúde.
E fiz ainda um apelo ao poder Judiciário no sentido de
agilizar a recuperação do dinheiro desviado dos cofres públicos pela corrupção e
fazê-lo ser aplicado em áreas essenciais como a da saúde. Saúde é vida e a
vida, como um bem de valor inestimável, não pode ficar à mercê de interesses
meramente pecuniários.
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