Welson Gasparini
Projeto de iniciativa dos moradores
do City Ribeirão, um bairro de classe média de Ribeirão Preto, conseguiu
reduzir em 80% os índices da criminalidade que nele ocorriam. Foi uma vitória
na qual se somou, aos equipamentos eletrônicos de vigilância, a solidariedade
entre os próprios moradores que passaram, assim, a zelar não apenas pela sua
própria segurança como, também, a dos seus vizinhos.
A “Vizinhança Solidária” – criada em
agosto de 2014 por um grupo de moradores daquele bairro – realmente mostrou a
força de uma comunidade unida em torno de objetivos comuns. Depois que o
programa foi criado, segundo o presidente da SACY (Sociedade Amigos da City),
Luis Fernando Berni, houve uma queda expressiva nos roubos às residências –
alguns até com reféns – furtos e outras ocorrências graves frequentemente
verificadas naquele bairro, apavorando seus moradores. Monitoradas por câmeras
de segurança e dispondo, inclusive, de um equipamento especial que registra a fisionomia
da pessoa e até as placas dos veículos que estiverem nas ruas, essas imagens
são cedidas constantemente para investigações por parte da Polícia Militar.
Os moradores reativaram a SACY e
passaram a cobrar do poder público medidas simples, mas eficazes como, por
exemplo, podas de árvores, acertos na iluminação pública, limpeza de terrenos
abandonados com mato alto etc. Tudo isto, claro, refletindo nas condições de segurança do bairro. Mas não
ficaram apenas nisto: para monitorar ainda mais, os moradores criaram vários
grupos no WatsApp com o objetivo de conhecer os vizinhos e passar informações
sobre as ruas e as casas. Atualmente, existem 10 grupos com mais de 300 pessoas
participando.
O capitão PM Jerônimo Gonçalves –
integrante do Conselho de Segurança Comunitária da Zona Sul (CONSEG-SUL) –
confirma a queda da violência nesse bairro onde residem mais de 7 mil pessoas e
é entusiasta dessa iniciativa. Segundo ele, não se trata de transferir
responsabilidade, mas, sim, de uma pessoa cuidar da casa da outra ligando para
a PM quando observar algo suspeito como um carro ou uma pessoa estranha
circulando nas vias.
É um exemplo, acredito, que pode ser
seguido por outros bairros de Ribeirão Preto e também em todas as cidades de
São Paulo e do Brasil. A “vizinhança
solidária” pode devolver-nos aos tempos em que havia amizade, respeito e relacionamento
entre os vizinhos; quando havia diálogo e convivência. Essa era de afetividade
pode ser substituída, nos dias atuais, pelo próprio instinto de sobrevivência
na selva em que se transformaram as pequenas, médias e grandes cidades do nosso
Brasil.
Solidariedade, aliás, nunca é demais
e cabe em qualquer lugar: em casa, no ambiente de trabalho, na rua, no bairro,
na cidade e, mais ainda, entre vizinhos que devem aprender a enfrentar –
solidariamente – problemas comuns como, entre outros, o da violência.
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