terça-feira, 28 de abril de 2015

SOLIDARIEDADE CONTRA A VIOLÊNCIA



Welson Gasparini

Projeto de iniciativa dos moradores do City Ribeirão, um bairro de classe média de Ribeirão Preto, conseguiu reduzir em 80% os índices da criminalidade que nele ocorriam. Foi uma vitória na qual se somou, aos equipamentos eletrônicos de vigilância, a solidariedade entre os próprios moradores que passaram, assim, a zelar não apenas pela sua própria segurança como, também, a dos seus vizinhos.
A “Vizinhança Solidária” – criada em agosto de 2014 por um grupo de moradores daquele bairro – realmente mostrou a força de uma comunidade unida em torno de objetivos comuns. Depois que o programa foi criado, segundo o presidente da SACY (Sociedade Amigos da City), Luis Fernando Berni, houve uma queda expressiva nos roubos às residências – alguns até com reféns – furtos e outras ocorrências graves frequentemente verificadas naquele bairro, apavorando seus moradores. Monitoradas por câmeras de segurança e dispondo, inclusive, de um equipamento especial que registra a fisionomia da pessoa e até as placas dos veículos que estiverem nas ruas, essas imagens são cedidas constantemente para investigações por parte da Polícia Militar.
Os moradores reativaram a SACY e passaram a cobrar do poder público medidas simples, mas eficazes como, por exemplo, podas de árvores, acertos na iluminação pública, limpeza de terrenos abandonados com mato alto etc. Tudo isto, claro, refletindo   nas condições de segurança do bairro. Mas não ficaram apenas nisto: para monitorar ainda mais, os moradores criaram vários grupos no WatsApp com o objetivo de conhecer os vizinhos e passar informações sobre as ruas e as casas. Atualmente, existem 10 grupos com mais de 300 pessoas participando.
O capitão PM Jerônimo Gonçalves – integrante do Conselho de Segurança Comunitária da Zona Sul (CONSEG-SUL) – confirma a queda da violência nesse bairro onde residem mais de 7 mil pessoas e é entusiasta dessa iniciativa. Segundo ele, não se trata de transferir responsabilidade, mas, sim, de uma pessoa cuidar da casa da outra ligando para a PM quando observar algo suspeito como um carro ou uma pessoa estranha circulando nas vias.
É um exemplo, acredito, que pode ser seguido por outros bairros de Ribeirão Preto e também em todas as cidades de São Paulo e do Brasil.  A “vizinhança solidária” pode devolver-nos aos tempos em que havia amizade, respeito e relacionamento entre os vizinhos; quando havia diálogo e convivência. Essa era de afetividade pode ser substituída, nos dias atuais, pelo próprio instinto de sobrevivência na selva em que se transformaram as pequenas, médias e grandes cidades do nosso Brasil. 
Solidariedade, aliás, nunca é demais e cabe em qualquer lugar: em casa, no ambiente de trabalho, na rua, no bairro, na cidade e, mais ainda, entre vizinhos que devem aprender a enfrentar – solidariamente – problemas comuns como, entre outros, o da violência.

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