Welson Gasparini
O Papa Francisco está sempre
surpreendendo agradavelmente seus admiradores pelas colocações sempre oportunas
que faz em relação aos problemas da atualidade: ele não se omite e nem deixa de
colocar o dedo nas feridas da humanidade. Ainda no último 21 de março,
visitando a cidade de Nápoles, onde foi calorosamente recebido pelos milhares
de fieis que foram ao seu encontro, fez um candente pronunciamento contra a
corrupção e a favor da honestidade.
– “Vós pertenceis a um povo – disse ele - com uma longa
história atravessada por vicissitudes complexas e dramáticas; a vida de Nápoles
nunca foi fácil mas também nunca foi triste – tem prevalecido uma cultura da
vida que ajuda sempre a levantar-se depois de cada queda e a fazer de modo que
o mal nunca tenha a última palavra. Sabemos que quem voluntariamente pega a
estrada do mal ganha um pouco de alguma coisa, mas rouba esperança a si mesmo,
aos outros, à sociedade. A estrada do mal é uma estrada que sempre rouba a
esperança e também a rouba à gente honesta e trabalhadora, e também ao bom nome
da cidade, à sua economia”.
Em resposta a uma senhora que falou em nome dos imigrantes e dos
sem-teto pedindo-lhe uma palavra a respeito, o Papa reiterou não vê-los como os
homens de segunda classe: “Nós devemos fazer sentir aos nossos irmãos e irmãs
migrantes que são cidadãos, que são como nós, filhos de Deus, que são migrantes
como nós, porque somos todos migrantes para uma outra pátria. E ninguém se
perca pelo caminho! E não se pode dizer: "Mas os migrantes são assim… Nós
somos...". Não! Somos todos migrantes, todos estamos em caminho, todos”.
Uma outra intervenção foi feita por um trabalhador tocando no
problema da falta de emprego para os jovens, dando ao Papa a oportunidade de sublinhar
a gravidade deste problema que tira qualquer possibilidade de um futuro digno. Para
ele, o problema do desemprego é responsabilidade não apenas da cidade, do país
e do mundo inteiro diante de um sistema econômico que descarta as pessoas, sobretudo
os jovens: “Quando não se ganha o pão, perde-se a dignidade! E esta falta de
emprego rouba-nos a dignidade. Devemos lutar contra isso, devemos defender a
nossa dignidade como cidadãos, como homens, mulheres e jovens… Não devemos
permanecer calados”.
Falou ainda contra a exploração
das pessoas no trabalho, quando se exigem muitas horas de trabalho em troca de
pagas insignificantes. “Isso chama-se escravidão, isso chama-se exploração,
isso não é humano, isso não é cristão; se alguém faz isso e se diz cristão é um
mentiroso, não é verdade, não é cristão”.
E também fez um emocionado apelo aos napolitanos – uma cidade
portuária situada ao sul de Roma e uma das mais violentas da Itália – para
lutarem contra a corrupção “ainda é possível regressar a uma vida honesta”,
enfatizando: “Como um animal
morto cheira mal, a corrupção também cheira mal, a sociedade corrompida cheira
mal, e um cristão que deixa entrar a corrupção dentro de si cheira mal. Todos
nós temos a possibilidade de ser corrompidos e de resvalar para a
delinquência.”
Concordo com o papa: a corrupção,
efetivamente, fede e seu fedor contamina todos ao seu redor.
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