sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A MORTE DO BRÁULIO GERALDO


Welson Gasparini

A morte do jornalista Bráulio Geraldo de Oliveira, cujo sepultamento ocorre nesta sexta-feira, 26, realmente me abalou. Bráulio era daqueles amigos da vida toda; conheci-o, mocinho ainda, quando ele era editor do extinto “Diário de Notícias” e eu, já iniciado no radio como locutor da ZYR-79, procurei-o para pedir-lhe credencial do jornal para “cobrir” um jogo, em Batatais (minha cidade natal), entre o Batatais e o São Paulo FC. Na verdade, eu queria mesmo era entrar no campo sem pagar...
Vai daí, conforme já relatei em inúmeras oportunidades, nesse dia o estádio do Batatais FC recebia a visita do então governador Jânio Quadros  e aquele fato inusitado despertou em mim o espírito, até então adormecido, do jornalista. Levei, então, ao lado de informações básicas sobre o jogo, uma longa entrevista com Jânio. Bráulio gostou tanto da minha iniciativa que me propôs: “você não quer trabalhar no Diário de Noticias?”
Iniciamos, então, uma amizade sincera e duradoura: BG trabalhou comigo na Prefeitura em minha primeira gestão como prefeito de Ribeirão Preto e foi daqueles amigos, cada vez mais raros, “para todas as horas”. 
Quando penso no Bráulio, não posso deixar de lembrar dos amigos que fiz naquele período, podemos dizer, “romântico” da imprensa ribeirão-pretana. Os profissionais, mal remunerados, se desdobravam porque os salários eram insuficientes: BG, quando não estava no jornal, era escrivão da polícia civil; Antonio de Barros, o Totinha, era securitário; Sebastião Porto, secretário da Faculdade de Farmácia e Odontologia; Vicente Seixas, alfaiate; Jader Simonelli, bancário; Marcial Fernandes, advogado; Afonso Dias, funcionário da secretaria da Agricultura; Gilberto Bellini, estudante de Medicina; Carlos Alberto Nonino,  cuidava da propriedade rural do pai em Sales Oliveira;  eu, além do jornal, também trabalhava na “79” e dava aulas como professor . Eram, indiscutivelmente, outros tempos, mas as amizades perduraram.
O jornalismo, claro, com o fortalecimento e a modernização das empresas, se profissionalizou; já não dá mais, num clima de concorrência entre os próprios veículos, para vestir mais de uma camisa. BG, mesmo deixando de lado a profissão, continuava ativo trocando mensagens, via email, com os amigos; também tinha página no Facebook. Participava, igualmente, de eventos culturais, sempre prestigiando amigos como quando, por exemplo, o José Pinho de Oliveira lançou livro de crônicas no Espaço Cultural Palace.
Era, além de tudo, um bom pai e um bom avô, plenamente dedicado à família; dava, diuturnamente, exemplos de cidadania.
Vou sentir muito sua falta; era um “ombro amigo” ao qual podia recorrer em momentos de angústias ou aflições.

*deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

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