Welson Gasparini
Em discurso recentemente
pronunciado na tribuna da ALESP focalizei, ainda uma vez, a crise sem
precedentes enfrentada pelo setor sucroalcooleiro com o fechamento de mais de
60 usinas desde 2008 e a perda de cerca de 60 mil empregos. São dezenas, por
outro lado, as usinas de açúcar que solicitaram a chamada recuperação judicial.
Para se ter uma ideia da gravidade da crise, segundo dados do Ministério do
Trabalho, só nos primeiros seis meses deste ano o setor sucroalcooleiro
registrou a queda de um terço no número de contratações.
Na indústria de
bens de capital, representada por fornecedores de usinas – e Sertãozinho é
expoente nessa negatividade - mais de 50 mil postos de trabalhos foram
encerrados e houve, desde 2010, uma queda de 50% no faturamento. Tudo isto
enquanto mais de 90% da colheita de cana no estado de São Paulo já é mecanizada;
90% dos carros nacionais vendidos são flex e o estoque gira em torno de 77% do
total.
A produção de
energia elétrica, a partir do bagaço de cana, por outro lado, vem ajudando o
setor a aliviar um pouco a grave crise;
a energia vendida à rede pública respondeu por 12% do consumo residencial do
país e, nas usinas, já representa entre três e quatro por cento do faturamento
bruto.
O que desejo –
e isto faz parte da pauta permanente da Frente Parlamentar de Defesa do Setor
Sucroalcooleiro da qual sou um dos coordenadores – é o governo federal assumindo
suas responsabilidades diante de uma situação cuja culpa lhe é devida. Já tivemos, anteriormente, uma outra crise,
igualmente muito séria, logo após quase todos os carros do país, estimulados
pelo governo federal, usarem o alcool como combustível, na euforia do
“ProAlcool”. Depois, infelizmente, o governo mudou o enfoque e o setor passou a
enfrentar graves problemas econômicos e sociais. O sucesso foi sucedido pelo
fracasso devido a miopia do governo federal que, infelizmente, continua
insistindo em fazer uso político do preço da gasolina, deixando de remunerar
condignamente o esforço dos produtores de cana de açúcar e dos usineiros.
Agravando esse
quadro, já em si tétrico, nos últimos tempos canaviais, ainda não prontos para
a colheita, sofreram incêndios criminosos pelo quais foram responsabilizados os
plantadores da cana-de-açucar, muitos deles recebendo multas severas por terem
“provocado” incêndios. Por que o produtor faria isto se a lei proíbe e não era
o tempo da colheita? Se a cana, sequer, estava pronta para ser colhida?
Já está
passando da hora do governo federal reconhecer o setor sucroenérgico como de
grande importância para a vida nacional, daí o meu reiterado apelo; o Brasil
como um todo clama por uma definição clara capaz de dar aos empresários, aos
trabalhadores rurais, aos proprietários rurais e aos industriais segurança
quanto ao futuro de seus investimentos numa área que gera tantos empregos e
tanta estabilidade social ao próprio país.
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