Welson Gasparini
A situação recentemente vivida pelo meu amigo e ex-prefeito de Serra Azul, Homero de Carvalho Freitas, causou-me sincera emoção e fiz questão de focalizá-la em um dos meus últimos pronunciamentos na tribuna da Assembleia Legislativa. Foi tão pungente o relato desse cidadão brasileiro cuja casa foi invadida e cuja família foi ameaçada por profissionais do crime que fiz questão de lê-lo para conhecimento dos meus pares e como alerta à própria opinião pública:
“No dia 20 de junho, por volta das 20h e 40min, minha família e eu fomos vítimas de um roubo.
Tal fato ocorreu na cidade de Serra Azul/SP, um município de cidadãos pacíficos e trabalhadores, que conta com aproximadamente 12 mil habitantes.
Ao abrir a porta da cozinha para pegar um copo d'água, minha esposa deparou-se com uma arma de fogo apontada para sua cabeça.
Naquela ocasião 4 elementos armados com revólveres e "pés de cabra" invadiram minha residência.
Minha esposa foi jogada no chão e chutada por um deles. Ao correr no sentido da cozinha para entender o que estava ocorrendo, uma vez que minha esposa havia gritado fortemente, levei uma pancada com um "pé de cabra" na cabeça por outro, o que ocasionou minha queda e sangramento decorrente de um corte.
Meu filho estava no quarto falando ao telefone; ao escutar os gritos de pranto proferidos por sua mãe, imaginando que esta havia se acidentado, veio em direção à cozinha.
Contudo, antes de chegar à cozinha, deparou-se com um dos bandidos lhe apontando uma arma na sala de visitas. Em seguida outro bandido veio com um "pé de cabra" e lhe agrediu com pancadas nas pernas e braço.
Em seguida minha mulher, meu filho e eu fomos levados ao banheiro. Lá permanecemos por aproximadamente uma hora, sofrendo constantes ameaças de morte com uma arma apontada para nós.
Enquanto permanecemos presos no banheiro de nossa própria casa, esta era inteiramente danificada por bandidos na busca incessante de um suposto cofre que, diga-se de passagem, jamais existiu.
Levaram uma TV, 2 (dois) notebooks, celulares, smartphone, máquina fotográfica, pouco dinheiro (R$ 400,00), todas as jóias que minha mulher ganhou ao longo de sua existência, outros bens, além de 2 (dois) carros de nossa propriedade que foram utilizados na fuga.
A polícia militar chegou em minha casa aproximadamente 30 (trinta) minutos após a fuga dos bandidos.
Ficamos todos com as mãos amarradas no banheiro.
Havia somente 2 (dois) policiais militares de plantão na cidade e, segundo informações prestadas pelos próprios policiais, de 30 (trinta) policiais lotados no município, apenas 2 (dois) permanecem de plantão na cidade, os demais (28) realizam escoltas de presos.
Na polícia civil local há somente um investigador, não existe delegado titular e os crimes cometidos na cidade ficam impunes por ausência de profissionais.
Constantemente se verifica noticiários de vítimas de violência de qualquer espécie, como minha família e eu fomos.
O caminho que esta nação toma é do declínio: ausência de cultura, pessoas cada vez menos informadas e desinteressadas que valorizam o ter e não o ser.
O ditado: "o crime não compensa", atualmente foi reformado para: "o crime compensa", tendo em vista a impunidade.
Marginais condenados à prisão cumprem pouco tempo de pena e logo saem, melhor instruídos, não para o convívio social, mas para a prática de novos crimes.
"Ordem e Progresso": são estas as palavras que estampam a bandeira deste país... uma pena que são apenas palavras!
Enfim, trata-se aqui de um desabafo realizado por mais uma vítima decorrente de uma Sociedade Injusta, composta por pessoas hipócritas que buscam apenas interesses pessoais ao invés do coletivo.
Ex-prefeito de Serra Azul Homero de Carvalho Freitas”.
Esta carta, mal comparando, é o tipo da foto – pelo seu impacto natural –que dispensa legenda...apenas a perplexidade do cidadão comum diante um cotidiano terrivelmente preocupante.
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