Welson Gasparini
Deveria estar alegre se a realidade
correspondesse à fantasia: o Congresso Nacional, finalmente, aprovou o Plano
Nacional de Educação. Trata-se de um plano que ficou parado quase quatro anos
no Congresso e foi aprovado já defasado e cheio de equívocos, embora partindo
de uma premissa louvável: destinar 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para essa
área. Sabe o leitor quando os nossos governantes serão obrigados a gastarem
esse porcentual com educação? Dentro de 10 anos. Só daqui a dez anos, portanto,
nós teremos a aplicação desses 10% do PIB na Educação quando, em 2012, o investimento
total na Educação no Brasil foi de apenas 6,4%.
A nova lei diz que os governantes
terão cinco anos para aplicarem 7 por cento; portanto, em cinco anos, o aumento
do investimento em educação será de apenas 0,6%.
O mais grave: esse Plano Nacional de
Educação não diz quanto cada esfera governamental deve gastar a mais na
Educação e, além disso, não prevê nenhuma punição por descumprimento. Então,
além de não dizer quanto o governo federal e os governos estaduais e municipais
terão de aplicar, ainda não explicita o que acontecerá caso o presidente da
República, os governadores e prefeitos não apliquem o porcentual convencionado.
É uma lei, portanto, inócua, sem efeitos práticos. Precisaria ser complementada
por uma nova lei definindo responsabilidades
e, inclusive, punição aos diversos níveis de governo que não investirem o porcentual
estipulado pelo Plano Nacional de
Educação.
Vejo, na
propaganda política, a presidenta dizer que o seu partido acabou com a pobreza
no Brasil como se pudesse não ser pobre um país cuja população é constituída de
10% de analfabetos. Haverá pobreza maior do que o cidadão não conseguir sequer
assinar o próprio nome ou somar dois mais dois?
Ainda temos
quase 10% de analfabetos no Brasil. Especialistas consideraram avançada a meta
do Plano Nacional de Educação de agora prevendo, em dez anos, a erradicação do
analfabetismo. Isso é triste, porque o
Plano Nacional de Educação anterior também fazia tal previsão e isto,
infelizmente, não aconteceu.
Qualquer Plano
de Educação que se preze, entretanto, seja ele municipal, estadual ou federal
só conseguirá atingir seus objetivos se valorizar o professor, o verdadeiro
responsável pela difusão do conhecimento. Tenho três professoras na minha
família (minha mulher Aurizinha, minha filha Luciana e minha nora Regina) e sei
o quanto o magistério exige de sacrifícios a quem a ele se dedica; é, sem
dúvida, uma das mais nobres e, no entanto, das menos valorizadas
profissões. Além de ganhar pouco o
professor, muitas vezes, é desrespeitado pelos alunos e até pelos seus pais; o
professor bom é exigente, até mesmo chato para quem não quer aprender, mas é
ele quem leva e eleva seus alunos.
Valorizar o professor é dar-lhe salário digno, material escolar adequado
e, sobretudo, respeito, muito respeito. É alguém para ser admirado, louvado e não,
como acontece frequentemente, humilhado e aviltado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário