Welson Gasparini
Muitas
coisas, no Brasil de hoje, nos deixam estarrecidos: uma delas, o vandalismo, a
selvageria, com que pessoas queimam e inutilizam ônibus urbanos de passageiros
num verdadeiro atentado ao direito de locomoção aos usuários dessa modalidade
de transporte; outra – mesmo vindo a favor de uma tese que sempre defendi - a
maciça rejeição ao voto obrigatório.
Pesquisa DATAFOLHA divulgada pelo jornal “Folha de São Paulo ”
recentemente traz dados verdadeiramente alarmantes: 61% dos entrevistados pelos
pesquisadores daquele instituto são contrários a essa obrigatoriedade legal.
Pior ainda: 57% não votariam se tivessem essa opção!
Nunca, em
tempo algum, tantos brasileiros se posicionaram contra o voto obrigatório e
isto, é claro, nos leva a uma conclusão óbvia: esse pessoal está insatisfeito
com a classe política. Está insatisfeito mas não quer usar a grande arma que
dispõe para trocar governos e governantes: o voto!!!
O voto
facultativo, pela legislação vigente, contempla apenas os analfabetos, os
maiores de 70 anos e os que têm 16 ou 17 anos.
Com a obrigatoriedade do voto o que encontramos? Um eleitorado
revoltado, disperso, angustiado e não acreditando mais na possibilidade de
resolver, com essa arma, os problemas de moralidade publica; a corrupção é tão
grande no Brasil - praticamente uma epidemia - que leva pessoas mais simples a essa conclusão. Mas
não é verdade: há, sim, muitos corruptos na política, muitos políticos
aceitando propinas e se vendendo; assim como também há muitos empresários
adorando dar propinas, comprar funcionários e administradores públicos ou
dirigentes de diversos setores; corruptos e corruptores existem, infelizmente,
em todas as partes. Mas a solução, entretanto, conforme defendem alguns mais
radicais, não é buscar os militares nos quartéis para botarem ordem nisso:
precisamos é dentro da própria democracia, aproveitando o processo eleitoral,
escolher representantes com conduta correta e que possam, assumindo importantes cargos, responder ao anseio
popular e ter o comportamento desejado
pelos eleitores.
A
obrigatoriedade do voto, insisto, é uma violência; o correto é o eleitor ser
estimulado a votar e a escolher as melhores alternativas; é levá-lo a entender
o voto como um DEVER cívico e não uma IMPOSIÇÃO legal. Quem não quiser votar –
e preferir ir pescar, passear ou ficar em casa vendo televisão – que não vote;
mas quem resolver votar o faça com a consciência da responsabilidade de ditar
rumos para sua cidade, seu Estado e seu país.
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