Por Welson Gasparini
A partir do início da segunda semana deste mês de abril o bolso do consumidor paulista de energia
elétrica – tanto o residencial quanto o
empresarial – sofreu um choque com o reajuste de 16,46% para o doméstico e de 16,10% para o industrial .
Esse reajuste inominável – suplantando qualquer índice de inflação oficialmente
conhecido – afetou diretamente 3,9 milhões de unidades consumidoras instaladas
na área de concessão da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) Paulista. É
mais um ônus a afetar tanto o empregado quanto o patrão porque ninguém consegue
passar sem a energia elétrica, essencial ao dia a dia dos casebres e também das
mansões.
Esse aumento foi aprovado – e nem poderia ser diferente –
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que informou, em nota à
imprensa, ser o reajuste da tarifa é formado “tendo como base os custos
relacionados à compra de energia elétrica para atendimento do mercado da
distribuidora, ao valor da transmissão dessa energia e aos encargos setoriais”.
Segundo a Aneel o cálculo é feito de acordo com fórmula
prevista no contrato de concessão; no caso da CPFL os principais fatores que
influenciaram a revisão foram “a maior participação da energia nova e a energia
velha (gerada por usinas mais antigas, com parte de seus ativos já amortizados)
com valores maiores do que os previstos”. Outro um fator de impacto no
resultado do reajuste da CPFL teria sido a “a maior participação das térmicas
com o Custo Variável Unitário, que utilizam combustíveis mais caros para gerar
energia”.
Por melhores, entretanto, que sejam as explicações, um fato
não pode deixar de ser considerado: esse reajuste terá efeitos inquestionáveis
no aumento do custo de vida pelo seu caráter irremediavelmente inflacionário.
Interessante, nesse episódio, é o governo federal dizer-se
preocupado com a escalada inflacionária e permitir um reajuste de tal
magnitude: se o aposentado tem um reajuste salarial inferior a 6%, mesmo índice
do assalariado, como poderá arcar com um reajuste superior a 16% na sua conta
de luz? A conta de energia, além do mais, assim como a conta da água, é
daquelas das quais o cidadão não pode fugir. Quem pode ficar sem energia
elétrica ou sem água na sua residência?
O comerciante ou o industrial ainda tem a possibilidade de repassar esse
aumento de custo para a sua clientela mas não, porém, o consumidor comum...
A manivela da inflação, mais uma vez, está sendo acionada com
a chancela de um órgão federal (a ANEEL) enquanto o Brasil, ao contrário de
outros países mais desenvolvidos, desperdiça a energia renovável de fontes
naturais como o sol e o vento, sem contar a do bagaço da cana...
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