A
passagem recente por Ribeirão Preto e região da caravana do pré-candidato do PT
ao Governo do Estado de São Paulo e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
contando com a presença do ex-presidente Lula, foi marcada por denúncias
infundadas e insultos à inteligência dos representantes do setor
sucroalcooleiro. Expressivas lideranças do agronegócio, dentre elas o
ex-ministro da Agricultura (do próprio Lula...) Roberto Rodrigues, não pouparam
fortes críticas à inação da presidente Dilma Rousseff por não ter dado a devida
atenção e respeito a um setor representativo de mais de 20% do PIB brasileiro.
Segundo
a imprensa presente ao jantar reunindo as lideranças do setor com o
ex-presidente e o ex-ministro da Saúde em Ribeirão Preto, no último dia 7 de
fevereiro, Lula e Padilha ficaram constrangidos com o quadro dramático
apresentado, dentre outros, pela presidente da União da Indústria da
Cana-de-Açúcar (Única), Elizabeth Farina. Segundo ela - conforme também apontei
quando da constituição da Frente Parlamentar de Defesa do Setor
Sucroenergético, da qual sou um dos coordenadores-, em razão da política de
combustíveis predatória imposta através da Petrobras, 44 usinas já fecharam,
outras 12 não devem moer a safra 2014/15 e dezenas de milhares de postos de
trabalho foram extintos. Dados da Aprobio – Associação Brasileira dos
Produtores de Biodiesel revelam: das 67 usinas implantadas a partir de 2004,
quando Lula lançou o Plano Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), 27
já foram desativadas.
Já
no dia seguinte, num encontro com empresários em Sertãozinho, onde o parque
industrial local convive com uma ociosidade beirando os 60% e as agruras da
inadimplência das usinas deixando um rastro de milhões de reais não pagos a
seus fornecedores, Padilha tentou jogar a culpa da crise dos biocombustíveis no
colo do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Todos
que conhecem e atuam no setor dos biocombustíveis, sabem: nenhum outro governador
apoiou e vem apoiando o setor como ele. A redução do ICMS do etanol hidratado
de 25% para 12% viabilizou este biocombustível no Estado de São Paulo. Pena os
outros governadores não terem seguido a medida adotada em São Paulo porque ela
ajudaria a diminuir os prejuízos acumulados pelos usineiros, pelos produtores de
cana e pela indústria de base, insumos, serviços e tecnologia do setor
sucroenergético.
Institutos
de pesquisa e desenvolvimento têm sido contemplados com várias linhas de
financiamento agrícola e industrial. O IAC – Instituto Agronômico de Campinas,
por exemplo, desenvolve variedades de cana já encontradas em todos os 14
estados produtores de cana do Brasil, no México e em países africanos. No CTBE
– Centro de Tecnologia do Bioetanol, numa parceria com o Ministério de Ciência
e Tecnologia, estudos com recursos do Governo do Estado de São Paulo servem
para o desenvolvimento do E2G (Etanol de 2ª Geração).
E,
mais: para evitar os riscos eminentes de apagões, o governador Alckmin tirou
toda a carga tributária para projetos de produção da bioeletricidade, através
de térmicas movidas a bagaço de cana. Térmicas estas que poderiam estar
produzindo bioeletricidade a R$ 180 o MWh contra os atuais R$ 850 MWh pagos
pela geração de energia das térmicas poluentes movidas a diesel.
A
ausência de políticas públicas da presidente Dilma Rousseff, além de provocar
vultosos prejuízos à Petrobras e Eletrobras, de impor perdas irreparáveis às
cadeias produtivas do etanol, do biodiesel e da bioeletricidade, privilegia a
importação de etanol de milho dos Estados Unidos e também de diesel.
A
gestão dos combustíveis e da eletricidade, bem como o controle da inflação,
está nas mãos da esfera federal de governo e não estadual, especificamente do
Governo do Estado de São Paulo, conforme tentou demonstrar o desinformado
Padilha em seu discurso, para dizer o mínimo, equivocado.
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